por Alexandre Cardia Machado
Conhecido como o fundador da Metapsíquica, Charles Richet (1850-1935) desempenhou um papel fundamental no processo de desvendar o desconhecido mundo dos fenômenos anímicos. Em 1905, então presidente da Sociedade de Investigações Psíquicas - Londres, propôs o nome de Metapsíquica a este conjunto de conhecimentos. A Obra Sua obra mais famosa, Tratado de Metapsíquica, é um verdadeiro arcabouço de fatos e descrições pormenorizadas de experiências psíquicas, descrições |
históricas e
classificatórias que muito colaboraram para o seu desenvolvimento. A sua maior
contribuição, sem sombra de dúvida, foi o estudo do ectoplasma, substância
responsável pela viabilidade dos fenômenos ditos objetivos.
Foi ele quem, pela primeira vez, denominou a substância que emanava dos médiuns de efeitos físicos de ectoplasma, naquele momento referindo-se aos fluidos que emanavam de Eusápia Paladino (uma das maiores médiuns da história do Espiritismo): “são as formações difusas que eu chamo de ectoplasmas; porque elas parecem sair do próprio corpo de Eusápia”.
Foi ele quem, pela primeira vez, denominou a substância que emanava dos médiuns de efeitos físicos de ectoplasma, naquele momento referindo-se aos fluidos que emanavam de Eusápia Paladino (uma das maiores médiuns da história do Espiritismo): “são as formações difusas que eu chamo de ectoplasmas; porque elas parecem sair do próprio corpo de Eusápia”.
Numa
experiência transcorrida com a médium Marthe Béraud, Charles Richet e Gabriel
Delanne fizeram com que a “materialização” soprasse o ar de seus pulmões
através de uma solução aquosa de barita, usando um pequeno tubo. O resultado
foi o turvamento do líquido, revelando a presença do gás carbônico, fenômeno
peculiar dos organismos vivos normais.
A
Metapsíquica de Richet era composta pela composição dos seguintes fenômenos: a
Criptestesia, a telecinesia e a ectoplasmia. Para ele, a Metapsíquica estava na
flor d’água de uma nova psicologia. No seu Tratado, Richet classificou a
história da fenomenologia metapsíquica em quatro períodos:
1°) Período
Mítico, que vai das origens históricas até Mesmer, (1776);2°) Período
Magnético, que vai de Mesmer às irmãs Fox, ( 1847);3°) Período Espirítico, que
vai das irmãs Fox, passando por Allan Kardec, a William Crookes (1872);4°)
Período Científico, que vai de Crookes até agora.
Charles
Richet classificou os fenômenos metapsíquicos em dois grupos gerais: Fenômenos
Subjetivos, que ocorrem exclusivamente na área psíquica, sem nenhuma ação
dinâmica sobre os objetos materiais (anos antes, a estes fenômenos Allan Kardec
denominou Inteligentes). E Fenômenos Objetivos, cuja manifestação envolve ação
física sobre os objetos materiais (na linguagem espírita, Fenômenos Físicos).
Esta
classificação é utilizada até os dias de hoje.
Richet e
o Espiritismo
Charles
Richet nunca se declarou espírita, mas sim, um estudioso dos fenômenos
metapsíquicos. Não podemos, portanto, classificar Charles Richet como um
continuador da obra de Allan Kardec, já que na verdade Richet reserva um espaço
de duas páginas em um Tratado de mais 700 àquele que poderia ter sido um de
seus mestres.
Desvendou um
caminho distinto, sem evidentemente desconhecê-lo tanto, e que o classifica na
categoria de iniciador romântico da Metapsíquica, reconhecendo em Kardec, a
quem se refere como Dr. H. Rivail, algum apreço pela investigação científica,
mas que, no entanto, se levou demais a acreditar que as comunicações dos
Espíritos através dos médiuns eram destituídas de erros, desde que as mesmas
emanassem de bons Espíritos.
Esta
crítica, a nosso ver, não é muito justa porém se assemelha à feita por Arthur
Conan Doyle em seu A História
do Espiritualismo, fazendo-nos, pelo menos, pensar que conhecemos hoje bem
melhor a obra de Kardec do que os quase contemporâneos vizinhos e conterrâneos.
Foi
companheiro de jornada de homens do vulto de um Gustavo Geley, Gabriel Delanne
e Ernesto Bozzano. Este último seu grande amigo e com quem duelaria no campo da
ciência. Bozzano no seu livro “Metapsíquica Humana”, dedica no último capítulo,
denominado: Respostas a algumas objeções de ordem geral; algumas palavras
diretamente contrárias às posições de Charles Richet, são elas: “..não devo
ocultar que entre os que assim pensam está o Prof. Charles Richet, a quem
sinceramente venero e admiro. No Journal of the American for S.P.R. de setembro
de 1923, pag 400, a respeito ele escreve:Sou de opinião que, se a Metapsíquica
não tem progredido mais, se deve isto a um defeito de método; quiseram dela
fazer uma religião cheia de ardor, em vez de uma ciência serena e modesta....
Penso ser de não pequena utilidade destruir essa deplorável prevenção, filha de
uma observação estranhavelmente parcial e superficial do movimento espírita
encarado em seu conjunto. Se é verdade que o Espiritismo seja tomado num
sentido religioso por uma multidão, aliás muito respeitável, de almas simples,
não quer dizer isso que ele seja religioso, mas tão somente que as conclusões
rigorosamente experimentais e, portanto, científicas, a que conduzem as
investigações medianímicas, tem a virtude de reconfortar grande número de almas
atormentadas pela dúvida... “( Ernesto Bozzano, Metapsíquica Humana) e se refere
a tantos sábios, homens de ciência que se dedicaram a estudar os fenômenos
inicialmente de forma materialista, convertendo-se ao Espiritismo pela
conclusão a que chegaram através da pesquisa.
Na
introdução do seu Tratado de Metapsíquica Richet, em sua segunda edição, chega
mesmo a citar os espíritas que já naquela época pouca importância deram a esta
obra uma vez que acreditavam que tudo o que importava já havia sido escrito.
Richet escreveu - se os espíritas fossem justos, reconheceriam que a minha
tentativa de fazer entrar na ordem dos fatos científicos todos os fenômenos que
constituem a base de sua fé, mereceria eu verdadeiramente alguma indulgência.
Vê-se que na
época o movimento espírita francês já estava totalmente dominado pelos ritos,
afastando-se dos ensinamentos de Allan Kardec, salvava-se neste tempo Gabriel
Delanne, que muito doente insistia com a sua Sociedade Francesa de Estudos de
Fenômenos Psíquicos e na revista Le Spiritisme. A rigidez de Richet, com
relação à metodologia científica se explica pelo trabalho profissional do mesmo
que, como cientista, veio a ser merecedor de um Prêmio Nobel.
A Visão
do Futuro
Allan
Kardec, em A Gênese escreve: Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo
jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar
em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma
verdade nova se revelar, ele a aceitará. Com estas palavras Kardec colocava
todo o seu gênio que infelizmente só foi seguido por alguns como Camille
Flammarion, Léon Denis, Delanne dentre outros
Desta mesma
forma, Richet declara que o primeiro Tratado de Metapsíquica irá ter a sina
comum. Ele irá logo ficar para trás e cair em desuso, porque os progressos
desta nova ciência serão rápidos.
Assim como
Kardec, os metapsiquistas também acreditavam num rápido progresso das ciências
psíquicas, elas de fato tiveram algum alento com o advento da Parapsicologia de
Rhine.
No começo da
década passada, muitos de nós, estudiosos, guardávamos muita esperança de que
na União Soviética existissem centros de pesquisa, a cortina de ferro caiu e o
que havia em termos de psicobiofísica?
A verdade é
que pesquisadores do quilate dos grandes metapsiquistas, incluindo no grupo os
espiritualistas ingleses, já não aparecem com tanta freqüência.Transferimos
nossas expectativas para o século que se avizinha, este sim poderá trazer ao
público em geral aquilo que Kardec, Richet e tantos outros se empenharam tanto
em estudar, classificar e ensinar, mas que não atingiram a universalidade do
conhecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário