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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Evangelho Segundo O Espiritismo


Capítulo 1 - Não vim destruir a lei 35

As três revelações
Moisés, Cristo e o Espiritismo Aliança da ciência e da religião
Instruções dos Espíritos: A nova era

Capítulo 2 - Meu reino não é deste mundo 42

A vida futura
A realeza de Jesus O ponto de vista
Instruções dos Espíritos: Uma realeza terrena

Capítulo 3 - Há muitas moradas na casa de meu Pai 47

Diferentes situações da alma na erraticidade
Diferentes categorias de mundos habitados
Destinação da Terra Causas das misérias humanas
Instruções dos Espíritos: Mundos inferiores e mundos superiores
Mundos de expiações e de provas
Mundos regeneradores Progressão dos mundos

Capítulo 4 - Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo 55

Ressurreição e reencarnação
Os laços de família são fortalecidos pela reencarnação e rompidos pela unicidade da existência
Instruções dos Espíritos: Limites da encarnação
Necessidade da encarnação
A encarnação é um castigo?

Capítulo 5 - Bem-aventurados os aflitos 65

Justiça das aflições
Causas atuais das aflições
Causas anteriores das aflições Esquecimento do passado
Motivos de resignação O suicídio e a loucura
Instruções dos Espíritos: Bem e mal sofrer O mal e o remédio
A felicidade não é deste mundo Perda das pessoas amadas.
Mortes prematuras Se fosse um homem de bem, teria morrido
Os tormentos voluntários A verdadeira infelicidade
A melancolia Provas voluntárias. O verdadeiro cilício
Deve-se pôr um fim às provas do próximo?
É permitido abreviar a vida de um doente que sofre sem esperança de cura? Sacrifício da própria vida
Proveito do sofrimento

Capítulo 6 - O Cristo Consolador 87

O jugo leve
O Consolador prometido
Instruções dos Espíritos: O advento do Espírito de Verdade

Capítulo 7 - Bem-aventurados os pobres de espírito 91

O que é preciso entender por pobres de espírito
Todo aquele que se eleva será rebaixado
Mistérios ocultos aos sábios e aos prudentes
Instruções dos Espíritos: O orgulho e a humildade
Missão do homem inteligente na Terra

Capítulo 8 - Bem-aventurados os puros de coração 101

Deixai vir a mim as criancinhas
Pecado por pensamento. Adultério Verdadeira pureza.
Mãos não lavadas Escândalos.
Se vossa mão é motivo de escândalo, cortai-a
Instruções dos Espíritos: Deixai vir a mim as criancinhas
Bem-aventurados aqueles que têm os olhos fechados

Capítulo 9 - Bem-aventurados aqueles que são mansos e pacíficos 111

Injúrias e violências
Instruções dos Espíritos: A afabilidade e a doçura A paciência
Obediência e resignação A cólera

Capítulo 10 - Bem-aventurados os que são misericordiosos 116

Perdoai para que Deus vos perdoe
Reconciliar-se com seus adversários
O sacrifício mais agradável a Deus
O argueiro e a trave no olho
Não julgueis para não serdes julgados.
Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra
Instruções dos Espíritos: O perdão das ofensas A indulgência
É permitido repreender os outros?
Observar as suas imperfeições? Divulgar o mal alheio?

Capítulo 11 - Amar Ao próximo como a si mesmo 126

O maior mandamento
Fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem por nós
Parábola dos credores e dos devedores
Dai a César o que é de César
Instruções dos Espíritos: A lei de amor O egoísmo
A fé e a caridade Caridade para com os criminosos
Devemos arriscar nossa vida por um malfeitor?

Capítulo 12 - Amai os vossos inimigos 136

Pagar o mal com o bem
Os inimigos desencarnados
Se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe também a outra
Instruções dos Espíritos: A vingança O ódio O duelo

Capítulo 13 - Que vossa mão esquerda não saiba o que faz vossa mão direita 146

Fazer o bem sem ostentação
Os infortúnios ocultos O óbolo da viúva
Convidar os pobres e os estropiados
Ajudar sem esperar recompensa
Instruções dos Espíritos:
A caridade material e a caridade moral A beneficência
A piedade Os órfãos Benefícios pagos com a ingratidão
Beneficência exclusiva

Capítulo 14 - Honrai vosso pai e vossa mãe 163

Piedade filial
Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
Parentesco corporal e parentesco espiritual
Instruções dos Espíritos:
A ingratidão dos filhos e os laços de família

Capítulo 15 - Fora da caridade não há salvação 171

O que é preciso para ser salvo.
Parábola do bom Samaritano O maior mandamento
Necessidade da caridade segundo São Paulo
Fora da Igreja não há salvação.
Fora da verdade não há salvação
Instruções dos Espíritos: Fora da caridade não há salvação

Capítulo 16 - Não se pode servir a Deus e a Mamon 177

Salvação dos ricos
Resguardar-se da avareza Jesus na casa de Zaqueu
Parábola do mau rico Parábola dos talentos
Utilidade providencial da riqueza.
Provas da riqueza e da miséria Desigualdade das riquezas
Instruções dos Espíritos: A verdadeira propriedade
Emprego da riqueza Desprendimento dos bens terrenos
Transmissão da riqueza

Capítulo 17 - Sede Perfeitos 191

Características da perfeição
O homem de bem Os bons espíritas Parábola do semeador
Instruções dos Espíritos: O dever A virtude
Os superiores e os inferiores O homem no mundo
Cuidar do corpo e do Espírito

Capítulo 18 - Muitos os chamados e poucos os escolhidos 202

Parábola da festa de núpcias
A porta estreita
Nem todos aqueles que dizem Senhor! Senhor! entrarão no Reino dos Céus A quem muito foi dado muito será pedido
Instruções dos Espíritos: Se dará àquele que tem
Reconhece-se o cristão por suas obras

Capítulo 19 - A fé transporta montanhas 211

Poder da fé
A fé religiosa Condição da fé inabalável
Parábola da figueira que secou
Instruções dos Espíritos:
A fé, mãe da esperança e da caridade
A fé divina e a fé humana

Capítulo 20 - Os trabalhadores da última hora 217

Instruções dos Espíritos: Os últimos serão os primeiros
Missão dos Espíritas Os trabalhadores do Senhor

Capítulo 21 - Haverá falsos cristos e falsos profetas 223

Conhece-se a árvore pelos frutos
Missão dos profetas Prodígios dos falsos profetas
Não acrediteis em todos os Espíritos
Instruções dos Espíritos: Os falsos profetas
Características do verdadeiro profeta
Os falsos profetas da erraticidade
Jeremias e os falsos profetas

Capítulo 22 - Não separeis o que Deus uniu 232

Indissolubilidade do casamento O divórcio

Capítulo 23 - Moral estranha 235

Quem não odiar seu pai e sua mãe
Abandonar pai, mãe e filhos
Deixai os mortos enterrar seus mortos
Não vim trazer a paz, mas a divisão

Capítulo 24 - Não coloqueis a candeia debaixo do alqueire 243

Candeia debaixo do alqueire
Por que Jesus fala por parábolas Não procureis os gentios
Os sãos não têm necessidade de médico
Coragem da fé Carregar a cruz. Quem quiser salvar a vida, a perderá

Capítulo 25 - Buscai e achareis 250

Ajuda-te, e o Céu te ajudará
Observai os pássaros do céu
Não vos inquieteis pela posse do ouro

Capítulo 26 - Dai gratuitamente o que recebestes gratuitamente 255

Dom de curar
Preces pagas Mercadores expulsos do templo
Mediunidade gratuita

Capítulo 27 - Pedi e obtereis 259

Qualidades da prece
Eficiência da prece Ação da prece.
Transmissão do pensamento Preces que se entendam
Da prece pelos mortos e pelos Espíritos sofredores
Instruções dos Espíritos: Maneira de orar
A felicidade que a prece oferece

Capítulo 28 - Coletânea de preces Espíritas 271

Introdução

1. Preces em geral 272

Oração dominical Reuniões Espíritas Pelos médiuns

2. Preces para si mesmo 281

Aos anjos guardiães e aos Espíritos protetores
Para afastar os maus Espíritos Para corrigir um defeito
Para resistir a uma tentação
Ação de graças pela vitória obtida sobre uma tentação
Para pedir um conselho Nas aflições da vida
Ação de graças por um favor obtido
Ato de submissão e de resignação Diante de um perigo iminente
Ação de graças após ter escapado de um perigo
Na hora de dormir Na previsão da morte próxima

3. Preces pelos encarnados 293

Por alguém que esteja em aflição
Ação de graças por um benefício concedido aos outros
Por nossos inimigos e por aqueles que nos querem mal
Ação de graças pelo bem concedido aos nossos inimigos
Pelos inimigos do Espiritismo
Prece por uma criança que acaba de nascer
Por um agonizante

4. Preces pelos desencarnados 299

Por alguém que acaba de desencarnar
Pelas pessoas a quem tivemos afeição
Pelas almas sofredoras que pedem preces
Por um inimigo morto Por um criminoso Por um suicida
Pelos Espíritos arrependidos Pelos Espíritos endurecidos

5. Pelos doentes e obsediados 308

Pelos doentes Pelos obsediados


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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012





155 anos de ESPIRITISMO

1º título de "O Livro dos Espíritos": "Religião dos Espíritos"

PAULO ROBERTO VIOLA (PARA A REVISTA ESPÍRITA ALÉM DA VIDA)

O método e os meios escolhidos pelo Plano Espiritual para trazer ao Planeta "O Livro dos Espíritos", primeira obra da codificação kardequiana, já foi uma evidência inequívoca de que se tratava de um fenômeno mediúnico absolutamente autêntico, impossível de ser blefado por jovens e ingênuas meninas psicógrafas, que produziam as informações-respostas, a partir de um lápis de pedra amarrado a um cesta de vime, escrevendo, mediante impulso mediúnico, sobre um rudimentar quadro de ardósia, nascendo, assim, "O Livro dos Espíritos"...
Muitos espíritas ainda não sabem que "O Livro dos Espíritos" - completando nesse ano de 2007, em 18 de abril, 150 anos de sua formulação, o primeiro da codificação de Allan Kardec - foi composto basicamente de forma surpreendente por duas jovens irmãs, médiuns psicografantes, as meninas Caroline Baudin, de 18 anos e Julie Baudin, de apenas 15 anos.
O método de psicografia indireta não poderia ter sido mais rudimentar, como veremos mais adiante. Foi dentro deste contexto histórico que o codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, encontrou um ex-companheiro de fé, um espírito desencarnado que se identificou simplesmente como Zéfiro. É que o codificador do Espiritismo fora sacerdote de uma antiga filosofia denominada Druída, agora em novo renascimento, na França, sob o nome de Hippolyte Leon Denizard Rivail.

Quem vai contar a surpreendente história é Canuto Abreu, sobre quem Chico Xavier disse:
“As tuas anotações não constituem obra do acaso, mas revivescências de lembranças” (mensagem de Emannuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, para Canuto Abreu).
Raras narrativas históricas contam esse reencontro de Kardec com o Espírito Zéfiro. Um desses relatos veio num artigo – supostamente inspirado no famoso e respeitável escritor Silvino Canuto Abreu - publicado em um jornal chamado “A Voz do Espírito’ – Edição número 89: Janeiro - Fevereiro de 1998, de autoria de Mauro Quintella (fonte: Portal do Espírito). Graças a essas escassas publicações, hoje os Espíritas sabem alguma coisa sobre a história de "O Livro dos Espíritos". Canuto Abreu, nascido em 1892 na cidade de Taubaté, em São Paulo, também escritor e emérito pesquisador, desencarnou em 1980. De sua autoria é uma preciosa obra chamada “O Livro dos Espíritos e Sua Tradição Histórica e Lendária” (Editora LFU), na verdade título de seus memoráveis artigos publicados no jornal chamado Unificação, editado pela União das Sociedades Espíritas de São Paulo, na década de 1950. Além de médico, o famoso confrade era também formado em Direito, iniciando a advocacia aos 22 anos de idade. Aprimorou seus conhecimentos na França, onde estudou teologia e ciências religiosas. Conhecia quase o mundo todo. Era autodidata e estudou o grego, o hebraico e o aramaico. Tinha ele uma paranormalidade marcada por significativos fenômenos mediúnicos.
Porém, não se sabe onde o autor colheu informações tão precisas sobre as jovens médiuns que compuseram "O Livro dos Espíritos", sabendo-se, todavia, que Canuto Abreu era dono de invejável cultura, com uma biblioteca de mais de 10.000 livros. Não se tem qualquer confirmação sobre se as preciosas informações que ele publicou foram colhidas por seus próprios canais mediúnicos, ou se resultaram de raros e preciosos documentos possivelmente obtidos em suas andanças pela Europa. Consta que durante a Segunda Grande Guerra Mundial, quando a França foi invadida pelos Exércitos de Hitler, teriam chegado às mãos de Canuto Abreu algumas relíquias históricas que poderiam estar arquivadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (ver "Personagens do Espiritismo" de Antonio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy). A hipótese, porém, parece pouco provável, pois os diálogos e pormenores envolvendo fatos e situações que o famoso autor lança em sua obra, mais sugerem escrita mediúnica do que trabalho de pesquisa. Uma coisa, porém, ninguém duvida: a honorabilidade do escritor e, também, o ser humano especial que todos seus contemporâneos nele reconheciam, dono de uma reputação inegavelmente acima de qualquer suspeita.
Trata-se de um inquestionável Grande Vulto do Espiritismo, fato que se confirma, também, na mensagem que lhe endereçou, no dia 19 de agosto de 1952, o Espírito Emannuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier: "As tuas anotações, quanto à história dos pioneiros do Espiritismo, não constituem obra do acaso e, sim, tarefa de elevado alcance moral para a causa que pretendemos defender. Não definem mero arranjo literário para alimentar os caprichos de leitores famintos de novidade e emoção, nem compõem tessitura de fios dourados de ficção, objetivando efeitos especiais em nossos arraiais doutrinários. A tua obra é a revivescência de lembranças, que os soldados e operários de nosso movimento não podem esquecer sob as cinzas, de modo a içarem, cada vez mais alto, o estandarte luminoso da Nova Revelação, confiado aos homens para a glorificação de nossos mais elevados destinos. Imprescindível te mostres digno de tão sagrado depósito, espalhando-lhe as cintilações com todos os trabalhadores da Doutrina de amor e luz que há quase um século vem despertando a consciência da Humanidade para a nova era de trabalho e progresso que as Trevas, debalde, procuram rejeitar”.
Parece, pois, evidente diante de tal depoimento que qualquer suspeita sobre a confiabilidade do famoso informante histórico não merecerá qualquer acolhida responsável, mesmo porque não se tem notícia de qualquer outro relato que colida, direta ou indiretamente, com a informação de Canuto Abreu. Igualmente não se tem conhecimento de qualquer publicação, ou relato, que desautorize a versão histórica daquele confrade. Por oportuno, registre-se que Canuto Abreu prossegue seu trabalho na Espiritualidade. Em 2004, por ocasião do 4º Congresso Espírita Mundial, realizado na capital da França, o médium Raul Teixeira psicografou mensagem dele que homenageou o codificador. Naquela oportunidade, disse Canuto Abreu: “Allan Kardec veio ao Planeta para representar no campo físico a Equipe Luminosa do Espírito da Verdade, que jorrava claridade sobre o orbe sob a ação venturosa do Cristo Excelso”.

A história do "Livro", contada por Canuto Abreu
Consta que a família Baudin - Émile-Charles, Clémentine e as filhas Caroline e Julie - costumava fazer reuniões espíritas em seu lar quando ainda residia na Ilha da Reunião, uma colônia francesa, que surgiu do mar há três milhões de anos, graças à força de dois vulcões, na costa oriental da África, pertencente à França desde 1638. As reuniões espíritas dessa família na Ilha passaram a ser dirigidas por um Espírito, que se apresentou como seu Guia Espiritual. Quando lhe indagaram o nome, o visitante espiritual respondeu: “Sou o Zéfiro da verdade. Chamem-me por este nome” (Zéphyr). Zéfiro é o nome do vento do oeste na Costa Marítima e é também tido como uma brisa suave, sendo filho de Eos (deusa do amanhecer) e Astreu (um dos três personagens da mitologia grega). Zéfiro houvera esposado Íris e seus irmãos foram Bóreas, Noto e Euro.
Certa noite, Zérifo previu que a aquela família mudaria brevemente para Paris: “Lá, procurarei manter contato com um velho amigo e chefe, desde o nosso tempo de Druídas”. Nessa época, os Baudin não vislumbravam, nem de longe, a possibilidade de morar na França. No entanto, não demorou muito, veio uma crise no comércio do café e do açúcar, principais produtos das atividades agrícolas e comerciais da família, que, por essa razão, foi obrigada a mudar para a França, em 1855. Canuto Abreu conta que as reuniões mediúnicas continuaram em Paris. Zéfiro riscava suas respostas às perguntas da família Baudin e convidados.
Numa certa noite, o senhor Denizard Rivail e sua esposa Amelie Boudet, aceitaram o convite para participar de uma reunião espírita na casa da família Baudin. Presente naquela reunião o Espírito Zéfiro, Rivail foi por ele saldado de uma forma que ninguém inicialmente entendera: “Salve, caro Pontífice, três vezes salve!” Sem compreender o sentido daquela aparentemente bizarra saudação, os assistentes deliciaram-se em boas gargalhadas. “Pontífice?!...” Monsieur Baudin, sentia-se constrangido, não entendia o ocorrido e tentou atribuir ao caráter espirituoso de Zéfiro aquela possível brincadeira.
Mas o fato é que Rivail aceitou a descontração e devolveu:” “ minha bênção apostólica, meu filho”. E o pequeno público assistente novamente caiu em boas gargalhadas.
Mas o Espírito Zéfiro logo interviria para por fim à zombaria e ao constrangimento, explicando que Rivail houvera sido um alto sacerdote Druída, com o nome de Allan Kardec, ao tempo de Julio César, na antiga Gália, hoje França, nos anos 50 antes de Cristo. E que ele, Zéfiro, fora contemporâneo de Rivail em encarnação daqueles idos tempos. (os Druídas eram juízes, filósofos, professores, enfim personalidades respeitadíssimas e de altas funções na sociedade de etnia Celta, um povo guerreiro que acabou dominado pelo Imperador romano Julio César, depois de uma bárbara invasão do território celta. Os sacerdotes druídas professavam uma filosofia ocultista, passada oralmente de uns para outros, sem qualquer registro escrito. Por isso, muito pouco se sabe sobre eles).
Iniciaria-se, ali naquela reunião descontraída da família Baudin, um novo tempo de conhecimento para a Humanidade, “uma nova aurora”, como mais tarde anunciaria o famoso astrônomo amigo de Kardec, Camille Flammarion, uma Doutrina inovadora e reveladora, fincada num tripé até então inédito: a Religião, a Filosofia e a Ciência.
A partir daquele encontro de Zéfiro com Rivail, seriam fornecidas as primeiras respostas de "O Livro dos Espíritos". E as personagens mediúnicas escolhidas para a psicografia seriam justamente as jovens e pueris meninas, filhas do casal Baudin, Caroline e Julie, aquela com 18 anos e esta com apenas 15 anos. Aquelas duas meninas, com certeza sem qualquer preparo intelectual para desenvolver uma nova filosofia dessa superior magnitude, foi a ponte que o Além encontrou para fazer chegar ao Planeta o primeiro livro da Doutrina inaugurada por Allan Kardec.
- Não fomos nós que compusemos o Livro, mas os Guias, o Professor Rivail e o "roc" – disse a menina Caroline, em resposta à jovem Ermance Dufaux, que perguntou como o Livro foi composto, segundo a narrativa de Canuto Abreu. A família Dufaux, a que pertencia a menina e médium Ermance, fora apresentada a Rivail por madame Plainemaison, dama viúva que vivia de rendas deixada pelo seu falecido marido.
O "roc" era um lápis de pedra amarrado a uma tupia, ou seja, uma cestinha de vime, pelos quais os escritos iam surgindo numa lâmina de pedra portátil (ardósia). Por esse meio absolutamente rudimentar advieram as primeiras escritas psicográficas com que o Espírito Zéfiro começou a ditar o Livro inaugural da Codificação, que vai completar 150 anos, ou seja "O Livro dos Espíritos", que viria a ser revisto e complementado pela mediunidade de Ruth Celine Japhet, de 20 anos, sendo certo que “toda a obra, no fundo e na forma, foi ‘revista’ e ‘corrigida’ pelos próprios Espíritos que a inspiraram”, garante Canuto Abreu. E mais: “tanto as questões da primeira, quanto os comentários da segunda coluna resultaram dos ensinos dos Espíritos e não das elucubrações do senhor Rivail”. Ainda segundo o famoso autor, “Rivail observava tudo, tomava nota das respostas dadas pelos Espíritos a quem quer que fosse, quando continham, a seu ver, um ensinamento de utilidade geral. Limitava-se a saudar o Guia e a ouvir a leitura de suas respostas (...) Portava-se, na verdade, não como ‘aprendiz’, mas como ‘examinador’ severo. Discutia com o Espíritos como se fossem homens. Nada aceitava que não estivesse conforme a Razão.”(*)
Posteriormente, o Livro mereceu a colaboração final da jovem Aline Carlotti, médium psicógrafa e de psicofonia a cuja mediunidade Kardec submetera as questões mais complexas.
(*) Os dados pessoais, os traços e a personalidade de Kardec são descritos pelo "O Livro dos Espíritos e Sua Tradição Histórica e Lendária": Era filho de Jeanne Hippolyte e de Jean-Baptiste Antoine Rivail, um advogado e respeitável juiz do Tribunal da cidade de Lyon, onde nasceu em 3 de outubro de 1804, em plena Era napoleônica. “De cultura acima do normal nos homens ilustres de sua idade e do seu tempo, impôs-se ao geral respeito desde moço. Temperamento infenso à fantasia, sem instinto poético nem romanesco, todo inclinado ao método, à ordem, à disciplina mental, praticava, na palavra escrita ou falada, a precisão, a nitidez, a simplicidade, dentro dum vernáculo perfeito, escoimado de redundâncias (...). Tinha o rosto sempre pálido, chupado, de zigomas salientes e pele sardenta, castigada de rugas e verrugas. Fronte vertical comprida e larga, arredondada ao alto, erguida sobre arcadas orbitárias proeminente, com sobrancelhas abundantes e castanhas. Olhos pequenos e afundados, com olheiras e pápulas. Nariz grande. Bigode rarefeito, aparados à borda do lábio, quase todo branco. Semblante severo quando estudava ou magnetizava, mas cheio de vivacidade amena e sedutora quando ensinava ou palestrava. O que nele mais impressionava era o olhar estranho e misterioso, cativante pela brandura das pupilas pardas, autoritário pela penetração a fundo na alma do interlocutor. O que mais personalidade lhe dava era a voz, clara e firme, de tonalidade agradável e oracional. Sua gesticulação era sóbria, educada. Mantinha rigorosa etiqueta social diante das damas. Sua única jóia: uma aliança de ouro com auréola de prata”.
As quatro mocinhas, apesar de risonhas e elegantes, não eram fúteis, prossegue Canuto Abreu, que acrescenta: “O trato das coisas sérias, as palestras filosóficas e morais em que tomavam parte, os conselhos dos Guias, as comunicações edificantes, a convivência com pessoas cultas e, sobretudo, o adiantamento moral e intelectual que possuíam de existência anteriores faziam-nas preferirem, mesmo quando em palestras sociais ou a sós, assuntos construtivos”.
Uma dezena de médiuns voluntários colaborou na revisão das respostas dos Espíritos, a conselho do próprio Plano Espiritual. Nesse grupo revisor, destacavam-se Roustan, médium intuitivo; a senhora Canu, sonâmbula inconsciente; a senhora Leclerc, médium psicógrafa; a senhora Clèment, médium falante e vidente; a senhora Roger, clarividente notável e a senhora De Plainemaison, auditiva e inspirada, na casa de quem o professor Rivail começara, como simples curioso – não fazia muito tempo - a estudar o spiritualism, (movimento herdado dos Estados Unidos, em decorrência dos fenômenos das mesas girantes que envolveram as irmãs Fox), como narra a obra de Canuto Abreu.
Sabido é que depois de Zéfiro, conforme subscrito em Prolegômenos, (preâmbulo à Introdução de "O Livro dos Espíritos") compareceram na seqüência psicográfica desse primeiro livro vários Espíritos Superiores, sendo que Zéfiro já anunciara o comparecimento de alguns deles nas primeiras reuniões com o professor Rivail: Agostinho, João Evangelista, Vicente de Paulo João Evangelista e outros confirmados pela jovem Ermance Dufaux, como Sócrates, Fénelon, Swedenborg e Hahnemann.
Em reunião que promoveu em sua residência, após a conclusão de "O Livro dos Espíritos", com a finalidade de agradecer as colaborações recebidas, Kardec disse reconhecido: “um agradecimento particular às meninas Caroline, Julie e Ruth Celine. Pondo de lado os prazeres próprios da mocidade e sacrificando as horas de estudo e afazeres domésticos, elas se prestaram durante mais de um ano com o máximo desinteresse material e a melhor dedicação espiritual ao fatigante uso de seus dotes mediúnicos”. A riqueza do pormenor informativo confirma a impressão de que o dedo mediúnico de Canuto Abreu efetivamente trabalhou em resgate dessa memória histórica...
Em Prolegômenos, Kardec se omitiu sobre as meninas psicógrafas, que compuseram "O Livro dos Espíritos", para protegê-las: “Resolvi afrontar sozinho as ondas de oposição que o Livro vai suscitar. É meu dever ocultar ao grande público os nomes de nossas médiuns” (desabafo de Kardec, segundo Canuto Abreu).
Kardec, claro, foi obrigado a proteger as meninas psicógrafas, pois eram, como dito, jovens e do sexo feminino num mundo então coroado de preconceitos contra a mulher e, sobretudo, contra as Religiões não ortodoxas, ou que desafiassem o status quo religioso vigente (*). Afinal, o professor Rivail já houvera presenciado um diálogo entre o senhor Baudin e o senhor Dufaux, a respeito do livro “Vida de Luiz 9º Escrita por ele mesmo”, de autoria de sua filha Ermance, que fora censurado por conter passagens consideradas desrespeitosas à Santa Sé, segundo conta Canuto Abreu. “Lastimável que isso aconteça em plena metade do Século dezenove”, ponderou Rivail, preocupado com seu livro. Afinal, as pioneiras do Espiritismo, as irmãs americanas Fox, vinham sendo perseguidas cruelmente, excomungadas e repelidas em todas as comunidades, como também informa Canuto Abreu.
Por isso, muito pouco se sabe a respeito das históricas meninas que compuseram a base de "O Livro dos Espíritos". Não teria sido por outra razão que na Introdução e em Prolegômenos o codificador simplesmente informa que a obra foi escrita “por ordem e mediante ditado de Espíritos superiores (...), por muitos médiuns”, sem, entretanto, detalhar o método e as formas, de maneira a não expor as jovens meninas Caroline e Julie.
(*) No mês de setembro de 1861, o escritor e editor Maurice Lachâtre, refugiado, por perseguição da Igreja, em Barcelona, na Espanha, onde tinha uma Livraria, solicitou a Kardec três centenas de livros espíritas, inclusive "O Livro dos Espíritos". A remessa, logo que chegou a seu destino, foi totalmente apreendida por um auto de fé assinado pelo Bispo local, Antônio Palauy Termens e, no dia 9 de outubro, os livros foram atirados a uma fogueira, em cumprimento a uma sentença ditada sob influência eclesiástica. Em 1° de maio de 1864, "O Livro dos Espíritos" foi lançado no temido Index Librorum Prohibitorum, índice dos livros censurados e proibidos pela Igreja Católica, criado em 1559, pela Sagrada Congregação da Inquisição, para “prevenir a corrupção dos fiéis”. Ao lado de Kardec, figuraram nesse Index notáveis da Ciência e da Filosofia, como Rousseau, Montesquieu, Descartes, Copérnico, Galileu Galilei e tantos outros. O Index vigorou até 1966, quando o então Papa Paulo 6º o extinguiu definitivamente.

Em 18 de abril de 1857, Kardec estaciona uma carruagem, com 1200 volumes de "O Livro dos Espíritos", destinados à Livraria Dentu
Concluída a edição primeira de "O Livro dos Espíritos", numa bela manhã de sábado de primavera, Kardec sai de sua residência, em Paris, na Rue des Martyrs, número 8, segundo andar, com 1200 volumes da obra. O meio de transporte era uma carruagem. Ele se detém na Rue Montpensier, em frente à Galeria d’Orleans, no Palais Royal , para alcançar a Livraria Dentu, da viúva madame Mélanie Dentu. Silvino Canuto complementa a descrição da cena: “o ajudante de cocheiro, trajando uniforme cinzento, amarrotado e sujo, saltou da boléia e dirigiu-se à Livraria”. Esperava por Kardec e sua obra, além da proprietária da Livraria, um Gerente da loja identificado apenas pelo nome de Clément, que leu a nota de entrega remetida pela Tipografia De Beau e ordenou o desembarque dos livros. À tarde, Kardec volta à Livraria e constata que mais de meia centena de exemplares já haviam sido vendidos ao preço de 3 francos por unidade, preço que, segundo consta, ele achou inicialmente caro, mas foi convencido por madame Dentu de que estava de acordo com o mercado.

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

PRECE DE CÁRITAS