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sexta-feira, 8 de julho de 2016

quarta-feira, 6 de julho de 2016

VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA (J. HERCULANO PIRES)

PROFESSOR DE TEOLOGIA
DEFENDE A INTERPRETAÇÃO
ESPÍRITA DA BÍBLIA
Numa  insistência  verdadeiramente  desanimadora,  certas  seitas
religiosas  que  fazem  do  combate  ao  Espiritismo  a  sua  principal  tarefa,
alegam sempre que os espíritas têm medo da Bíblia. Num debate de TV, o
reitor  de  um  instituto  bíblico  protestante  chegou  a  declarar  aos  espíritas
presentes, de Bíblia em punho: "Vocês não querem ouvir a palavra de Deus,
mas hoje vão ouvir"! Na sua ingenuidade, pensava que a leitura da Bíblia
poria os espíritas a correr.
Outro  pastor,  chefe  de  uma  seita  por  ele  mesmo  fundada,
escandalizou­se quando afirmamos que a Bíblia não é a palavra de Deus, e
ingenuamente perguntou­nos: "Mas o Senhor tem a coragem de dizer uma
coisa dessas na frente do povo de São Paulo"? Mais tarde, esquecendo os
seus  deveres  religiosos  de  honestidade  e  respeito  à  verdade,  promoveu
uma  campanha  sistemática,  pelo  rádio,  de  desvirtuamento  das  nossas
declarações. Pensava, certamente, que Deus aprovava sua "bonita" atitude.
Alguns  espíritas,  por  sua  vez,  ficaram  assustados  com  a  nossa
audácia.  Achavam  que  poderíamos  afastar  do  Espiritismo  os  crentes  na
Bíblia. Esqueceram­se de que o Espiritismo não se interessa por quantidade
de  adeptos,  mas  pela  sua  qualidade.  Espíritas  que  se  assustam  com  a
verdade sobre a Bíblia, estão ainda longe de compreender a Doutrina. Foi
por isso tudo que resolvemos enfrentar o tema durante algum tempo, nesta
seção
1
. É necessário que se diga a verdade, que se esclareça o povo, cm
vez  de  deixá­lo  iludido  por  expressões  como  "a  palavra  de  Deus",  que
servem apenas para os que não querem estudar o problema bíblico em sua
realidade histórica, religiosa e cultural.
1
O autor se refere à coluna que mantinha no "Diário de São Paulo".17 – VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA
Os  que  vivem  gritando,  de  Bíblia  em  punho,  que  o  Espiritismo  é
condenado pela Bíblia, não conhecem uma coisa nem outra. Ignoram o que
seja a Bíblia e não têm a mais leve noção de Espiritismo. No dia em que
conhecerem  ambas  as  coisas,  terão  vergonha  de  suas  acusações  atuais.
Se essas pessoas gostassem de ilustrar­se um pouco, indicaríamos a elas a
leitura de alguns livros de ilustres figuras protestantes. Por exemplo, o livro
de Haraldur Nielson, teólogo, tradutor da Bíblia para o islandês e professor
de  teologia  da  Universidade  da  Islândia,  intitulado:  O  Espiritismo  e  a
Igreja
2
. É um livrinho pequeno, que  ainda agora aparece em nova edição
brasileira  e  está  nas  livrarias.  Nesse  livro,  os  nossos  acusadores  terão  o
testemunho  de  um  membro  da  Sociedade  Bíblica  Inglesa,  que  não  se
tornou  espírita,  mas  que  reconhece  a  natureza  dos  livros  bíblicos.  Ele
protesta contra as afirmações, sempre levianas, de que a Bíblia condena as
manifestações espíritas e as sessões de Espiritismo.
2
Livro relançado "Edições Correio Fraterno".

VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA (J. Herculano Pires)


TODA A BÍBLIA ESTÁ CHEIA DOS 

FENÔMENOS MEDIÚNICOS 
O  Espiritismo  é  apresentado  por  Kardec,  sob  a  orientação  do 
Espírito  da  Verdade,  como  uma  seqüência  natural  do  Cristianismo.  É  o cumprimento  da  promessa  evangélica  de  Jesus,  de  enviar  à  Terra  o Consolador,  que  completaria  o  seu  ensino,  esclarecendo  os  homens  a respeito  daquilo  que  ele  só  pudera  ensinar  através  de  alegorias,  no  seu 
tempo. Os homens de então não estavam em condições de compreender o fenômeno natural da comunicação espírita, que misturavam com sistemas de magia e interpretações supersticiosas. Em A Gênese, Kardec esclarece, 
no  primeiro  capítulo,  que  era  necessária  a  evolução  das  ciências,  o 
progresso  dos  conhecimentos,  o  desenvolvimento  intelectual,  para  que  o 
Espiritismo fizesse seu aparecimento, como doutrina, em nosso mundo. 
Assim sendo, o Espiritismo tem como base as Escrituras, tem seus 
fundamentos  na  Bíblia.  Mas  é  claro  que  o  conceito  espírita  da  Bíblia  não 
pode  ser  igual  ao  das  religiões  que  ficaram  no  passado,  apegadas  às 
formas sacramentais de magia, aos ritos materiais e aos cultos exteriores do 
próprio  paganismo.  A  Bíblia  não  pode  ser,  para  o  espírita  esclarecido,  a 
"palavra  de  Deus",  pois  é  um  livro  escrito  pelos  homens,  como  todos  os 
outros  livros,  e  é,  principalmente,  um  conjunto  de  livros  em  que 
encontramos  de  tudo,  desde  as  regras  simplórias  de  higiene  dos  judeus 
primitivos  até  as  lendas  e  tradições  do  povo  hebreu,  misturadas  às 
heranças dos egípcios e babilônios. O Espiritismo ensina a encarar a Bíblia 
como um marco da evolução religiosa na Terra, mas não faz dela um novo 
bezerro de ouro. 
É  difícil  falarmos  da  Bíblia  a  pessoas  apegadas  ao  processo  de 
fanatismo  religioso  de  algumas  seitas  obscurantistas,  que  chegam,  em 
pleno século vinte, ao cúmulo de renegarem a cultura, para só aceitarem os 
escritos judeus da época das civilizações agrárias. São pessoas simples e 
crentes,  que  merecem  o  nosso  respeito,  mas  inteiramente  incapazes   
compreender o problema bíblico. Isso, entretanto, não deve impedir­nos de 
esclarecer  esse  problema  à  luz  dos  princípios  espíritas.  A  Bíblia  não 
condena o Espiritismo. Pelo contrário, a Bíblia confirma o Espiritismo, como 
demonstraremos.  Basta  lembrar  o  caso  de  Samuel,  atormentado  pelo 
espírito mau, aliviado pela mediunidade de Davi, que usava a música para 
afastá­lo.  Caso  típico  de mediunidade  curadora,  constante  de  Samuel  16: 
14­23.  E  o  colégio  de  médiuns  que  acompanhava  Moisés  no  deserto?  E 
assim por diante, da primeira à última página da Bíblia. Mas o pior cego é 
aquele que não quer enxergar.