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sábado, 23 de abril de 2016

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SENTIDO HISTÓRICO DA BÍBLIA E
A SUA NATUREZA PROFÉTICA
Qual  a  posição  do  Espiritismo  diante  do  problema  bíblico?  Os
recentes  debates  na  televisão  entre  espíritas,  pastores  protestantes  e
sacerdotes católicos, deram motivo a algumas incompreensões, de que se
aproveitaram adversários pouco escrúpulosos da Doutrina Espírita, para lhe
desfecharem  novos  e  injustos  ataques.  Vamos  procurar  esclarecer,  por
estas colunas, a posição espírita, como já havíamos prometido.
Kardec define essa posição, desde O Livro dos Espíritos, como a
de estudo e esclarecimento do texto, à luz da História e na perspectiva da
evolução espiritual da Humanidade. No cap. III deste livro, final do item 59,
depois de analisar as contradições entre a Bíblia e as Ciências, no tocante à
criação do mundo, ele declara: "Devemos concluir que a Bíblia é um erro?
Não; mas que os homens se enganaram na sua interpretação".
Essas  palavras  de  Kardec,  sustentadas  através  de  toda  a
Codificação, esclarecem a posição espírita. Devemos reconhecer na Bíblia
a sua natureza profética (ou seja: mediúnica), encerrando a l Revelação, no
ciclo  histórico  das  revelações  cristãs.  Esse  ciclo  começa  com  Moisés  (l
Revelação),  define­sse  com  Jesus  (II  Revelação)  e  encerra­sse  com  o
Espiritismo (III Revelação). Os leitores encontrarão explicações detalhadas
a respeito em O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, que
é um manual de moral evangélica. O conceito espírita de Revelação, porém,
não é o mesmo das religiões em geral. Revelar é ensinar, e isso tanto pode
ser feito pelos Espíritos (revelação divina) quanto pelos homens (revelação
humana),  mas  não  por  Deus  "em  pessoa",  porque  Deus  age  através  de
suas  leis  e  dos  Espíritos.  A  revelação  bíblica,  portanto,  não  pode  ser
chamada  de  "palavra  de  Deus".  Ela  é,  apenas,  a  palavra  dos  Espíritos­
Reveladores,  e  essa  palavra  é  sempre  adequada  ao  tempo  em  que  foi
proferida. Isto é confirmado pela própria Bíblia, como veremos no decorrer
deste estudo.9 – VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA
A  expressão  "a  palavra  de  Deus"  é  de  origem  judaica.  Foi
naturalmente herdada pelo Cristianismo, que a empregou para o mesmo fim
dos  judeus:  dar  autoridade  à  Igreja.  A  Bíblia,  considerada  "a  palavra  de
Deus",  revestis­se  de  um  poder  mágico:  a  sua  simples  leitura,  ou
simplesmente a audiência dessa leitura, pode espantar o Demônio de uma
pessoa e convertê-­la a Deus. Claro que o Espiritismo não aceita nem prega
essa  velha  crendice,  mas  não  a  condena.  A  cada  um,  segundo  suas
convicções, desde que haja boa intenção.  (Da Obra - Visão Espírita da Bíblia
- J. Herculano Pires)